Conforme explica o empresário Aldo Vendramin, o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, um ritual diário que faz parte da vida de bilhões de pessoas. No entanto, poucos param para pensar na complexa cadeia que o leva da lavoura até a xícara. O preço do café é uma commodity negociada em bolsas de valores, um ativo que reflete as incertezas do clima, a especulação de mercado e a economia global. Entender como a bolsa de valores do campo funciona é crucial para compreender não apenas o porquê do aumento do preço da sua xícara de café, mas também o funcionamento da economia mundial.
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O café como commodity: por que o preço varia tanto?
O café é considerado uma commodity porque é um produto padronizado, produzido em larga escala, e com pouco valor agregado em sua forma bruta. Seu preço é influenciado por uma série de fatores. A oferta e a demanda são os mais importantes: uma seca em um grande país produtor como o Brasil, por exemplo, pode destruir safras inteiras, diminuindo a oferta e elevando o preço. Outros fatores incluem as variações cambiais, o preço do petróleo (que afeta o transporte), a demanda de países importadores e, claro, a especulação no mercado futuro. O mercado futuro do café, onde contratos são negociados para entrega em uma data futura, é um termômetro que antecipa as tendências de preços. Segundo o senhor Aldo Vendramin, essa é a razão pela qual o preço do café pode oscilar tanto, mesmo que a colheita atual esteja boa, pois o mercado reage às expectativas do futuro.

O papel da bolsa de valores na precificação do café
A principal bolsa onde o preço do café é negociado é a ICE (Intercontinental Exchange), em Nova York. Nela, investidores, produtores e compradores negociam contratos futuros de café, acordos para comprar ou vender uma quantidade específica do produto em uma data futura a um preço predeterminado. O preço desses contratos reflete as expectativas do mercado em relação à oferta e demanda. Quando os investidores preveem uma safra ruim, eles compram mais contratos, elevando o preço. Quando esperam uma safra abundante, vendem, o que faz o preço cair. O preço final que você paga no supermercado é, em parte, um reflexo do que acontece nessas bolsas de valores. De acordo com o empresário Aldo Vendramin, a bolsa do café funciona como um mecanismo de equilíbrio, alinhando as expectativas do mercado com a realidade da oferta e da demanda.
Do produtor ao consumidor: uma complexa cadeia de valor
A complexidade da cadeia de valor do café vai além da bolsa de valores. Começa com o produtor, que precisa lidar com as incertezas do clima e a volatilidade dos preços. Depois de colhido, o café passa por processos de beneficiamento, exportação, torrefação, distribuição e, finalmente, chega à prateleira do supermercado. Em cada uma dessas etapas, há custos e margens de lucro que afetam o preço final. O produtor pode sofrer com um preço baixo na bolsa, enquanto o consumidor final paga um preço alto devido aos custos de logística e processamento. Como comenta o senhor Aldo Vendramin, a valorização do café de alta qualidade e com certificações de sustentabilidade é um caminho para o produtor se diferenciar e obter um preço mais justo, menos vulnerável às oscilações da bolsa.
Como as variações do preço do café afetam a sua vida financeira?
A variação no preço do café é um exemplo claro de como as commodities afetam diretamente a vida do consumidor. Um aumento no preço do café pode ser um dos primeiros sinais de que a inflação está subindo, já que ele é um item de consumo diário. Se o preço da saca do café sobe, as empresas de torrefação repassam esse aumento ao consumidor, elevando o preço na prateleira. Além disso, as flutuações no preço do café afetam a economia de países produtores, como o Brasil, influenciando o PIB, o câmbio e a estabilidade econômica. Como aponta o empresário Aldo Vendramin, o preço da sua xícara de café pode ser um indicador do que está acontecendo na economia global.
Por que o preço do café se conecta com o mercado global?
Em resumo, o preço do café é uma commodity que nos conecta diretamente com o mercado global e nos mostra como eventos distantes podem afetar nosso dia a dia. A bolsa de valores do campo é o palco onde essas forças econômicas se encontram, e o resultado é um preço que reflete a complexa dança entre a natureza e o mercado. Entender essa dinâmica é o primeiro passo para se tornar um consumidor mais consciente e um observador mais atento da economia que nos cerca.
Autor: Fred Delgadillo